WA! O Fuerza Bruta japonês
- Anna Paula Maranhão
- 22 de set. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de out. de 2024
Performance contemporânea despertou euforia e expressou a fantasia da cultura japonesa em Tóquio.
O Fuerza Bruta é "uma imersão enérgica e infecciosa experiência de teatro", segundo o conceito da própria companhia. Em maio de 2018, eu, a minha família e um casal de excelentes amigos fomos confirmar essa ideia no espetáculo do grupo que ficou em cartaz aqui, em Tóquio (e não é que fez sentido, Aurora?). A performance intitulada especialmente de Wa! - Wonder Japan Experience nos contagiou, nos levou à alma japonesa e maximizou a nossa energia para além do teto do galpão onde foi apresentado. Vimos uma mistura de linguagens: dança, interpretação, música e até performance aérea. Tudo isso num ritmo frenético, com muita tecnologia, luzes e cenários dinâmicos e engenhosos. Não havia um palco fixo e nós, do público, fizemos parte da obra. Sinceramente, fomos levados à lou-cu-ra. Vamos dar uma pausa na minha empolgação e assistir ao vídeo promocional, por favor:
Antes de falar sobre a minha experiência com o espetáculo quero contar um pouco sobre o grupo artístico. O Fureza Bruta surgiu em 2005, em Buenos Aires, com a direção brutal e artística de Daiki James e outros criadores. A companhia ficou rapidamente conhecida devido à sua personalidade voraz e suas performances inovadoras. Em 2007, iniciaram as turnês. Inclusive, a companhia já esteve em cartaz na Broadway. Mais de cinco milhões de pessoas, de 60 cidades e 30 países, já foram surpreendidas e, atualmente, o grupo tem quatro companhias oficiais que viajam pelo mundo. As técnicas utilizadas pelo Fuerza Bruta também inspiraram o coreografo Mikiko, que está trabalhando para a abertura das Olimpíadas de 2020. UaU!
Wa! Vamos falar da experiência.
Quando eu cheguei no Stella Ball, local onde vi o espetáculo no bairro de Shinagawa, eu comecei a formigar. A recepção era magnífica. Havia uma instalação inteirinha de led, com imagens animadas de ícones japoneses como samurais, ninjas, fogo... Muito lindo! Ao entrar no local da performance, num galpão, eu estava com os olhos em 360°, observando tudo. O espaço foi todo planejado de acordo com o andamento da performance, então os cenários eram todos dinâmicos, sendo modificados a cada esquete. No início da peça fomos conduzidos por um corredor escuro, delimitado com panos pretos, que nos levava para um pequeno espaço também escuro e com o teto baixo. Nessa hora havia muita expectativa por parte de todo o público (o que será que vai acontecer?). Estávamos enclausurados ao som de uma música eletrônica e intensa, sem saber o que estava para nos surpreender.
De repente, sons de batidas fortes em tambores começaram num estilo visceral de Taiko. Nesse instante, todos os panos que delimitavam a pequena sala caíram e duas enormes máscaras de teatro Noh foram reveladas – o demônio Hannya e uma mulher alegre Okame. Os artistas tocavam com uma paixão contaminante e eu estava completamente arrepiada.

Depois dessa abertura, pelo teto surgiu uma nuvem de pessoas muito radiantes. Era o elenco pendurado por cabos e balançando em movimento de pêndulo. O palco mudou de perspectiva e estava em cima de nós! O meu pulso estava muito acelerado. Caia muito confete e a música estava muito alegre - uma trilha sonora de uma festa maluca.

Com clima de suspense surgiu um Samurai no meio do público que corria em uma esteira. Com uma energia crescente, o artista Samurai aumentou a velocidade da sua corrida e começou a quebrar umas caixas que passavam por ele e, por fim, fez uma luta fatal com um ninja. Espirrou até sangue cênico. Foi um elemento surpresa e todo mudo delirou quando aconteceu.

Com muita fumaça e mistério, gueixas apareceram e dançaram num palco inusitado: permitia que as bailarinas girassem muito com a ajuda de algo mecânico e que ficassem de cabeça para baixo, presas pelos pés. A coreografia narrou uma história na minha cabeça: foi como se aquelas gueixas fossem muito fortes e tivessem sobrevivido aos problemas históricos do Japão e aos fenômenos naturais. Esse momento foi muito forte para mim. Eu fiquei emocionada e envolvida pela atmosfera do devaneio que tive a liberdade de criar. No final dessa performance, as gueixas foram levadas pelo vento e ficaram de ponta cabeça até as luzes se apagarem.
Photos by (c) Keiko Tanabe
Teve uma ocasião que nós, do público, viramos protagonistas. Fomos estimulados a dançar e a se molhar (isso mesmo!). Caiu água do teto, como se um grande chuveiro estivesse ligado. Parecia que estávamos numa grande festa cultural e até apareceu um carro de Awa Odori, daqueles festivais populares japoneses, e o artista que estava nele convidou pessoas da plateia para subir na plataforma e dançar junto com ele.

O calor da euforia recebeu uma trégua quando foi interrompido por uma grande piscina que surgiu no teto e veio em direção a plateia. Bailarinas dançavam na água com uma sensualidade sutil. A grande instalação aquática mudava de ângulo e as artistas conseguiam escorregar. No final dessa performance a piscina veio tão perto de nós que pudemos tocá-la e brincar com as meninas. Foi um momento muito mágico.

Além do elenco maravilhoso, a equipe técnica que também trabalhou coreograficamente para garantir a segurança dos artistas, do publico e do desempenho das engenhocas. Não houve acidentes nem tropeços. Estava tudo milimetricamente calculado e ensaiado, mesmo com o ambiente caótico por conta dos confetes, panos, carros, fios, luzes e das 10 toneladas de água utilizadas durante a apresentação. Impecável!
Como publicitária, não posso deixar de falar da marca Panasonic, que assertivamente patrocinou o espetáculo e cedeu os projetores. Que ação, hein?!
Já era um sonho assistir, ou vivenciar, uma apresentação do Fuerza Bruta e foi muito legal ver essa versão inspirada na fantasia japonesa. Para mim foi mágico e, provavelmente, vou lembrar com muito carinho desse dia e das sensações que senti, que foram todas superlativadas com força brutal.
Até breve, amigos e amigas!
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