Templo Daisho-in em Miyajima
- Anna Paula Maranhão
- 18 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de out. de 2024
O templo budista tem mais de 1200 anos e uma coleção riquíssima de esculturas de deidades. Até Dalai Lama já esteve por lá. Veja por que o Daisho-in é tão importante.
No dia 14 de agosto de 2020, eu e meu marido fomos ao templo Daisho-in, que é localizado no pé da montanha sagrada Misen, na ilha de Miyajima. O templo era o último lugar de visita do nosso roteiro de uma viagem de 14 dias pelo Japão. Era dia de voltar para casa e estávamos tão cansados que quase desistimos de ir à última exploração. Ainda bem que insistimos, pois ter ido ao Daisho-in foi um presente dos deuses budistas e xintoístas.
O caminho para chegar ao templo é lindo. Nós cruzamos com cervos, encontramos pequenas cachoeiras e pontes ao estilo Zen. Então, o meu primeiro conselho para você é: se for ao Daisho-in aproveite o caminho rumo ao templo. Passeie e admire as paisagens.
No Japão, os templos são como peças de quebra-cabeças. Há conexão entre eles e sincretismos religiosos, como por exemplo, às vezes santuários xintoístas e templos budistas coexistem em um mesmo local e compartilham histórias e personagens. Este é o caso do templo Daisho-in, que fica na ilha sagrada de Hiroshima, chamada de Miyajima ou Istukushima. O templo budista tem conexões com o santuário xintoísta Istukushima.
Vamos viajar no tempo e entender a alma do Daisho-in.
O Daisho-in começou quando um imperador chamado Toba, cujo império foi de 1107 a 1123, fez uma sala de oração no pé do monte Misen, lá no século XII. Depois, o pequeno templo foi crescendo e continuou com ligações estreitas com a família imperial até o século XIX, no período Meiji. Inclusive, em 1885, o próprio imperador Meiji honrou o templo passando um tempo por lá. Então, hoje e sempre, o Daisho-in é um dos templos de budismo Shingon* de maior prestígio do japão.
*Shingon é uma seita budista criada no ano 806 no Japão, pelo monge Kukai. As práticas são esotéricas (com "s" mesmo) e ensinam seus devotos a terem iluminação por meio de rituais que com exercícios físicos e mentais e com entoação de mantras.
O templo é importante por mais um motivo, a sua localização é na montanha sagrada Misen, onde o fundador da seita Shingon, o monge Kobo Daishi, iniciou a prática do budismo na ilha de Miyajima.
Antes do budismo chegar ao Japão no século VIII, os japoneses adoravam as divindades da natureza das montanhas, das rochas e de seus arredores. Quando o budismo chegou ao Japão foi muito bem aceito. Os deuses japoneses da natureza (kami) se fundiram com os deuses budistas e criaram uma relação de sincretismo que influenciou o templo Daisho-in.
Sintonizados com a história
vamos ao templo

Pelo terreno do templo Daisho-in há uma série rituais vivos, propostas de interatividades que te envolvem e proporcionam benefícios quando realizados com fé.
Após passar pelo portão Niomon já é possível participar de um ritual budista. Nas escadas há um longo corrimão com uma fileira de rodas de metal giratórias. Nas rodinhas há sutras (escrituras budistas). Acredita-se que quem girar as rodas, enquanto sobe pela escada, estará lendo os sutras. Portanto, mesmo sem saber ler japonês você pode receber as bênçãos da leitura do sutras da escadaria. Além disso, ao descer as escadas percebemos mais uma interatividade, as imagens do corrimão contam a história de vida do buda histórico, Sidarta Gautama. Incrível!
O Daisho-in tem uma riqueza em estátuas e objetos, inclusive há uma caverna com 88 ícones que representam os templos da peregrinação de Shikoku (a peregrinação com 1200 anos que incluí a percorrer 88 Templos de Shikoku - os templos visitados por Kobo Daishi, o Kukai, fundados do budismo Shingon). Eu entrei lá e senti uma energia poderosa (também medo devido à escuridão). Vivi uma experiência cheira de fé, bem difícil de descrever, e que ficou registrada na minha memória sensorial.
Em 2006, Dalai Lama foi ao Daisho-in para comemoração dos 1200 anos do templo.
Na visita, o Lama consagrou a imagem do buda do futuro, o Miroku no Ma (a estátua de ouro que fica na sala Miroku, dentro do Kannondo Hall). O buda do futuro é muito adorado no budismo tibetano.
Além da consagração da estátua do Miroku, Dalai Lama e seus monges decoraram o espaço com fitas coloridas típicas do Tibete e colocaram uma mandala feita de arreia na frente do buda. O símbolo é uma representação vívida das crenças de Vajrayana.
O templo Daisho-in é um local para admirar seus jardins e cantinhos escondidos, relaxar ao observar sua arquitetura mística e orar com a energia que vem da montanha Misen e suas deidades.

Entre no clima, assista ao MiniDoc do templo!
(Vídeo vertical)
Do terreno do Daisho-in há uma trilha que leva ao cume da montanha Misen, onde há mais templos importantes. De caminhada leva-se quase duas horas. É possível subir boa parte do caminho pelo Miyajima Ropeway (um bondinho).
Se vier ao Japão, inclua Miyajima no seu roteiro de viagem e vá ao templo Daisho-in. Você não vai se arrepender.
Lá no templo, abra o seu coração, participe dos rituais e receba todas as belíssimas mensagens místicas do local sagrado. Boa viagem, boa experiência!
Informações:
Endereço: clique aqui. Ou, 210番地 Miyajimacho, Hatsukaichi, Hiroshima 739-0592
Entrada gratuita (leve moedas para doar ao templo)
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