Monte Fuji, excelente companhia
- Anna Paula Maranhão
- 22 de mar. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de out. de 2024
Maior montanha do Japão extrapola sua função como ponto turístico e desperta sentimentos e reflexões. Confira a minha experiência com o Monte Fuji. : D
O início do mês de março deste ano foi muito difícil para mim. Eu estava triste, pois o meu filho voltou a morar no Brasil e pela primeira vez nos separamos. Além disso, o meu marido também fez uma breve viagem. Então, fiquei sem os meus meninos em Yokohama, a cidade onde moro no Japão. Foi assim que surgiu a ideia de fazer uma viagem sozinha. Eu precisava dar trégua ao meu lado afetivo, que me torturava, e queria conhecer mais deste país de belíssimas paisagens naturais em que vivo agora. Primeiramente, escolhi o meu ponto de exploração: o Monte Fuji. Depois, acreditem ou não, decidi a cidade da minha trip, Fujiyoshida, pela foto de divulgação do hotel que oferecia a melhor vista do vulcão e bom preço. No meu roteio estavam três pontos turísticos: o lago Kawaguchi, o parque de diversões Fuji-Q Highland e o parque Arakurayama Segen. Com o plano pronto, me joguei na estrada e fui surpreendida pelos acontecimentos.

#1ºdia: A Minha Janela e o Lago Kawaguchi
A viagem demorou um pouco mais de três horas. No meio do caminho, embora sozinha, descobri que tinha companhia, pois o Monte Fuji apareceu pela janela do meu ônibus para dar boas-vindas. Naturalmente, o retribuí com um sorrisão. : D. O gigantesco vulcão, de 3.776 metros de altura, me acompanhou pelo resto da viagem. Quando eu cheguei no hotel que eu tinha reservado, chamado Mystays, corri para o meu quarto para conferir se a vista era igual à da foto da divulgação. Para a minha surpresa, era ainda melhor! O meu amigo, o Fuji, ocupava toda a minha janela. Sensacional!
Empolgada, fui para o lago Kawaguchi, que é o mais visitado por turistas na região dos Cinco Lagos do Fuji (Fujigoto). Aurora do céu, que lugar lindo! Lá, senti a paz verdadeira, uma energia equilibrada que não pendia para o lado positivo ou negativo. Além disso, pensamentos sobre essa sensação pacífica surgiram na minha modesta cabecinha enquanto eu contemplava a paisagem da água sob o Fuji. Como por exemplo, sobre a perfeição dos processos da natureza em relação ao tempo e funções. O Monte Fuji é um vulcão que está inativo desde 1707, ele está calmo e amigável como um gigante meditando e sorrindo de levinho, mas não deixa de ser um vulcão poderoso; e, também, ele é uma obra belíssima da natureza, quase perfeitamente simétrico. Pelo monte ser tão incrível, sustenta o turismo no Japão e movimenta a economia. Em contraponto, nós, humanos, que também somos criação da natureza, estamos em erupção e incansavelmente insatisfeitos com a nossa essência. Será que para vivermos em paz é preciso desacelerar, reconhecer nossos talentos individuais e simplesmente nutri-los? (momento reflexão. Cri... cri...). Se sim, a vida pode ser simples, pois o que precisamos já está inerentemente conosco. #buguei

#2ºdia: Amanhecer, Fuji-Q Highland e Onsen
No segundo dia, às 5h da manhã, sentei de prontidão na minha janela espetacular e esperei a aurora iluminar o meu parceiro de viagem, o Fujisan. Como uma boa aluna da mãe natureza assisti calmamente ao amanhecer (assista).
Após o meu café da manhã, fui para o parque de diversões Fuji-Q Highland, que fica pé da montanha. Lá, tem os brinquedos mais inusitados como as montanhas-russas Fujiyama e Takabisha. A Fujiyama foi inaugurada em 1996 e já foi mais alta do mundo. Já a Takabisha foi inaugurada em 2011, ela tem uma queda livre de 121 graus (!!!) e detém o recorde de maior montanha-russa do mundo.

A atração do parque que eu mais gostei foi a Fuji Airways. É um emocionante tour aéreo pelo Monte Fuji por meio de um simulador - uma sala com uma tela gigante que exibe um vídeo que foi gravado com drones e câmeras montadas em parapentes de 6K. Ao assistir ao tour, deu para sentir o tamanho e a escala do maior ponto de referência do Japão. A trilha sonora era de arrepiar (compositor Joe Hisaishi, intitulada Mt.Fuji). Lembro vocês, meus amigos, que eu estava sozinha. Então, certamente escorreu aquela lagrimazinha de emoção. Para acalmar a minha adrenalina, após o parque me escaldei no onsen* do hotel.
*Onsen: banhos públicos japoneses em banheiras quentes.
#3ºdia: Parque Arakurayama Sengen.
Ahhhhh..., que belezura! No meu terceiro dia fui explorar o parque Arakurayama Sengen, que fica numa montanha e de frente para o Fuji. Portanto, quanto mais eu subia o morro mais belo o monte ficava. De lá de cima, deu para ter boa noção do gigantismo e da simetria do meu companheiro. Fiquei atônita, também, com a famosa Pagoda Chureito que fica no parque.

#Dia 4: Onsen e Despedida
No meu quarto dia, acordei às 5h da manhã e fui ver o Fuji "amanhecer" pela janela do onsen do hotel. Foi uma despedida memorável do meu companheiro de viagem Fujisan. Durante a minha aventura, o meu amigo despertou em mim boas reflexões, me conectou à natureza e me acalmou o coração. Percebi que foi bom ter realizado essa viagem sozinha para ter passado por essa vivência e ter conseguido criar algumas metáforas no momento exato. Acredito que, assim como na natureza, a vida pode ser mais simples e mais calma. A gente pode usufruir das nossas boas qualidades e nos realizar de uma forma mais natural e individual.
Voltei para a casa, dessa vez, com saudades de três meninos: do meu filho, do meu marido e do meu amigo Fuji; também, feliz por estar em paz e de ter certeza de que existe uma conexão forte com pessoas que amamos e com a natureza, independentemente das distâncias.

Até o próximo texto, amigos!
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