Kawaii: a fofurice do Japão
- Anna Paula Maranhão
- 11 de nov. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de out. de 2024
Adjetivo de fofo, a palavra kawaii é muito mais do que um elogio, e sim um traço cultural expressivo do japonês. “- Kawaiiiiiiiiii...”.

Lindo, gracioso, adorável, fofo... A palavra kawaii tem inúmeras traduções cute. O curioso é que ela expressa muito a cultura japonesa e extrapola o seu sentido literal. Andando pelas ruas do Japão é muito comum escutar alguém falando, quase tendo um ataque de gana (aquele do tipo que a gente pressiona os dentes e aperta as mãos quando vemos algo insuportavelmente fofo), "- KAWAIIIIIIIIIIIIII". Geralmente, a pessoa que está falando, ou está olhando como doida para um cachorro, para um bebezinho, ou para uma Hello Kitty, ou seja, algo muito, mas muito gostosinho de admirar.
O termo também se refere à moda, estilo de roupa, perfume, comida, música, animes, mangas, publicidade, sinalização de rua e caligrafia (caligrafia também? Sim, dona Aurora!).

O mais controverso é que o significado original era algo como pobre e lamentável, porém se transformou num maneirismo quando o povo do período Xogutano (entre 1600 e 1868), há algumas bolinhas atrás, usava o vocábulo para dizer que as mulheres eram dóceis. A expressão virou hit mesmo, como um CTRL V eterno, a partir de 1970, quando adolescentes colegiais escreviam de forma infantil, utilizando desenhos complementares parecidos com os emoji-emoticons de hoje em dia.
Para que você entre na magia poderosa da expressão kawaii vou ilustrar alguns exemplos:
1. É a alma dos animes e mangas. Os otakus, fãs ocidentais das animações, já sabem até como vocalizar o termo;
2. Na moda há muitas garotas que se vestem de forma infantilizada, expressando timidez e mistério, inocência e romantismo. Vale cabelo, bijuterias e até perfume;
3. As propagandas do Japão são muito fofas. Eu, que sou publicitária, tenho surtos ao assistir vídeos publicitários. A seguir confira uma propaganda de sopa, que acho bem contemporânea:
4. Usam mascotes até quando o assunto é sério, por exemplo: em placas de sinalização de ruas que indicam reformas e em cartazes indicando perigo;
5. Os cachorros e gatos usam roupas muito maluquinhas;
6. Em diversos lugares têm gacha, as máquinas de brinquedinhos surpresa. Eu juro que já vi até brinquedo em formato de privada;
7. Existem celebrações especiais, como a do Pikachu do Pokémon Go;

8. E há bares e restaurantes, como por exemplo, Kawaii Monster Café e Alice in a Wonderland. Em novembro de 2018, fui com um grupo de amigas que amo no Kawaii Monster Café almoçar. Lá, eu comi a refeição mais fofa de toda a minha vida: um milk shake de pipoca, que tinha um delicioso gosto de pipoca de cinema - sabor de caramelo com baunilha; e um macarrão à carbonara todo colorido. Comi com os olhos! Me senti muito feliz nesse dia. Confira nas fotos abaixo:
Além das comidinhas, o lugar tem garçons e hostes, todos vestidos ludicamente, e bailarinas que apresentam um show bem no estilo. Bora entrar no clima?
Concorda que é MUITO kawaii?
Outro lugar fofo que fui foi o Alice in Wonderland, em Ginza - bairro de Tóquio. O pub é todo decorado com total inspiração no desenho de Alice no País das Maravilhas: tocam as músicas e as falas do desenho (morri!), o cardápio lembra a parte interna da árvore, onde a Alice entra e se "estabaca" no chão após uma longa queda, e as garçonetes se vestem de Alice. Nesse dia eu fiquei muito eufórica, pois o desenho da Disney fez parte da minha infância e da do meu filho João Felipe, que hoje tem 17 anos. Muitas frases ditas em Alice viraram piadas internas na minha casa, por exemplo: quando algo quebrava a gente dizia “foi-se o Abílio”, quando a gente errava uma frase ou ria de algo era a “mas eu não quero ver gente maluca”, ou ficávamos apenas com palavras na cabeça, como “Tweedledee e Tweedledum”, “manteiga não, limão”.
O que eu acho muito legal nessa viagem toda é pensar que a vida dos japoneses não é moleza não. Eles são muito batalhadores! A esmagadora maioria vive para trabalhar e são muito competentes. E, mesmo com essa carga de responsabilidade, eles mantêm um pé constantemente na infância. Isso é lindo e traz leveza. A comunicação, como as de publicidade e placas de restrições, que deveriam trazer tons mais sérios, são exatamente do jeito que o japonês compreende. Ou seja, com magia, com criatividade e energia boa. Compreendi a tal fofurice ao conviver com esse povo gentil.
Para fechar o meu devaneio fofurístico quero deixar um suspense no ar. Estou me organizando para ir a um café que tem cachorros para brincar. São vários shibas. Que tal?

(kawaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...)
Ah! Me conte: o que você acha kawaii?
Até breve,
Anna
Oi, respondendo quanto ao comercial. Os que passam na TV são curtos e têm 30 segundos. Como esse foi uma propaganda veiculada no Youtube é maior, pois no canal não há restrição de tempo. Oba! Beijos, mamis!
Quanta fofurice.Ataque de Gana! Os comerciais são longos como o da sopa? Deu 2 minutos. Aqui é 30 segundos.